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Tiago Silva Pereira - Fundador e CEO da WYZE Mobility

Tiago Silva Pereira

Fundador e CEO da WYZE Mobility

Tentando compreender como pode causar impactos crescentes no meio ambiente e na sociedade ao seu redor, Tiago Silva Pereira é fundador e CEO da WYZE Mobility e fundador do Unobvious LAB.

Anteriormente, Tiago Silva Pereira exerceu as funções de assessor do Ministro da Defesa; de consultor nos Ministérios da Economia da Defesa de Portugal; de consultor e, posteriormente, director-geral adjunto da AgustaWestland; e de director não executivo da ANJE.

Formado em Gestão, Tiago Silva Pereira é um dos convidados especiais na Connecting Stories da PARTTEAM & OEMKIOSKS.

1. Pode falar-nos um pouco sobre a sua jornada e experiência profissional?

Formei-me em Gestão, na Universidade Católica do Porto, em 2001, e nesse mesmo ano entrei no programa Contacto, da aicep. Fui para Paris, onde passei lá um ano a fazer um estágio numa empresa do grupo Sonae. Depois vim para Portugal e, durante ano e meio, tive algumas experiências fugazes, entre elas agências de publicidade, até que fui convidado para trabalhar com o então ministro da Defesa, Paulo Portas, como assessor para assuntos económicos. Aceitei esse desafio e estive ligado a vários contratos de contrapartidas económicas associadas, por sua vez, a contratos de equipamento militar.

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Depois, quando o Governo mudou, não me mantive a trabalhar com qualquer gabinete, porque vinha de um Governo totalmente diferente, apesar de não ter nenhuma filiação especial. Mas mantive-me durante algum tempo a trabalhar como consultor para esta área das contrapartidas militares e depois fui convidado para trabalhar com um dos maiores fabricantes de aeronáutica a nível mundial, um desafio que aceitei e onde fui uma espécie de country manager aqui em Portugal, hoje em dia a Leonardo Helicopters. Trabalhei com eles durante alguns anos até que me “cansei” de ter que vestir a camisola e de ser empregado de alguém sem sentir que estava verdadeiramente a contribuir para o meu futuro. Resolvi despedir-me e montar a minha própria empresa de consultoria e desenvolvimento de negócios, onde durante os primeiros tempos estive muito ligado ao sector aeronáutico, que era aquele que eu melhor dominava. Rapidamente comecei a tocar outros sectores, nomeadamente o sector governamental em geral, contrapartidas, business proposals, o sector imobiliário, o sector têxtil. Comecei a expandir-me para outras áreas, mas sempre à procura de encontrar o meu negócio. Queria ter o meu projecto de longo prazo e teria de ser algo com o qual me identificasse totalmente.

Acabei por encontrar esse desafio, esse apelo, na mobilidade urbana, muito por culpa da relação que vinha a desenvolver com o CEiiA, um centro de engenharia português (com quem trabalho há muitos anos). E o CEiiA inspirou-me em relação à mobilidade em geral e na conexão inequívoca que dei à Wyze desde a primeira hora: desde a sua base conceptual aos objectivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Quando fiz nascer a Wyze, quando ainda estava na minha cabeça e não tinha nome, já sabia que queria montar um projecto de mobilidade urbana descarbonizada e alinhada, o mais possível, com os objectivos de desenvolvimento sustentável da ONU, para além da redução de emissão de CO2.

Em 2019, lançámos a Wyze Mobility, em Lisboa. Desde então tem sido uma viagem muito intensa, com desafios que nunca imaginei e que se traduzem em aprendizagem e em experiência e que me prepararam, a mim e à empresa, para um futuro mais tranquilo, espera-se.

2. É CEO da Wyze. Em que consiste este projecto?

A Wyze é uma operadora de mobilidade urbana, com veículos destinados a viagens curtas e para uma ou duas pessoas. São tipicamente veículos de duas rodas. Nós começámos com scooters 100% eléctricas e temos já uma frota grande.

Começámos o nosso serviço com sharing, através da nossa aplicação, à semelhança de outras operadoras que já existem no mercado. O modelo de base consiste em: o cliente encontra uma mota perto de si, faz a sua viagem e paga essa viagem em função da duração da mesma, deixando depois a mota no seu destino, numa zona de cobertura predefinida; a mota fica depois imediatamente disponível para o próximo cliente.

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Este foi o modelo com que começámos. A diferença que quisemos instituir desde o princípio foi, essencialmente, o facto de sermos 100% descarbonizados. Nós procuramos ter veículos que possam ser esteticamente impactantes e fazemos a medição da pegada de CO2. Portanto, nós quantificamos as poupanças de emissões de CO2 através de uma tecnologia do CEiiA. E, muito em breve, esperamos começar a permitir aos nossos clientes transaccionar essa pegada ecológica em benefícios no nosso próprio serviço e numa rede de parceiros que queremos construir.

Até há pouco tempo, mantivemos este serviço de sharing e agora estamos a definir este mesmo conceito, pois o sharing é muito mais do que isso. É a partilha de veículos, mas esta partilha não precisa de ser exclusivamente feita através de uma aplicação e em função dos minutos em que usamos esse veículo. Pode ser feita de outra forma, mais ou menos analógica, e por períodos mais longos. Nós estamos a alargar os períodos em que alugamos os nossos veículos, de um dia para cima. E estamos a apostar também, cada vez mais, no mercado empresarial. Há um potencial enorme de expansão. Diminui a receita potencial por veículo, mas dá-nos outra estabilidade que, neste momento, é fundamental.

3. De que forma é que a Wyze contribui para o desenvolvimento das Smart Cities?

Em primeiro lugar, tornamos as cidades mais livres de carbono. A Wyze é 100% descarbonizada desde a primeira hora. Nós temos scooters eléctricas, mas para termos a nossa operação somos obrigados a ter veículos de apoio à operação. E esses veículos também são 100% descarbonizados. Logo aí estamos a tornar as cidades mais inteligentes.

Relativamente à questão do ruído, que eu acho importantíssima, também estamos claramente a contribuir para uma cidade inteligente, pois os nossos veículos não emitem qualquer tipo de ruído (dos seus motores, das suas componentes electrónicas).

Por outro lado, temos a preocupação estética, que eu acho que contribui para cidades com curadoria estética. Acho que, nesse aspecto, também estamos ao serviço de uma cidade mais inteligente.

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Se falarmos em IoT e em cidades conectadas, também contribuímos nesse sentido, porque a nossa aplicação da Wyze está muito orientada para reservas, vai estar orientada para tudo o que seja pagamentos por via dessa mesma aplicação (pagamentos de serviços e produtos). Nesse aspecto estamos também a contribuir para a redução de tudo o que seja documentos em papel. A parte do onboarding da nossa plataforma é feita por via digital, nomeadamente a apresentação de documentos para comprovar a identidade e a capacidade de utilização dos nossos veículos. É tudo digital.

Na realidade, nós queremos que a Wyze vá muito além de uma mera opção de mobilidade urbana. Nós queremos influenciar as comunidades onde estamos presentes a adoptarem, no seu dia-a-dia, práticas que conduzam a uma contribuição positiva e crescente para a Agenda 2030 da ONU. Acho que esse é o maior contributo que podemos dar. E isso depende sempre da dimensão que nós consigamos ganhar. Quanto maior for a nossa pegada geográfica, quanto mais presentes nós estivermos nas cidades e quanto maior for a nossa base de clientes, mais facilmente alcançaremos essa apologia.

Na minha opinião, o contributo de qualquer empresa deve ser mostrar às pessoas, aos cidadãos em geral, aos seus clientes em particular, que é fundamental adoptar esses comportamentos e que pode ser divertido fazê-lo. Não precisa de ser uma obrigação que se faz com algum tipo de contrariedade. É algo que deve ser adoptado de forma quase natural e que deve ser o mais desejado possível pelas pessoas, dos mais novos aos mais velhos. Nós temos essa vantagem, porque temos clientes que vão desde os 18 aos 75 anos, portanto temos uma amplitude grande de potenciais alvos.

Sinto a necessidade de ser contagiado, de ser influenciado positivamente por mentes criativas.

4. Além disso, o Tiago fundou o Unobvious LAB. Do que se trata?

O Unobvious LAB é a casa da Wyze, é a montra dos principais valores da Wyze. Os princípios nucleares da Wyze são hedonismo e impacto. Trata-se de um estilo de vida divertido, mas sempre com a Agenda 2030 da ONU em mente. Os objectivos da Agenda 2030 da ONU abrangem todos os temas que nós temos adoptado. Portanto, o objectivo da Wyze é, de facto, propagar esses dois valores, promovendo um estilo de vida divertido, dependendo da acepção de cada um, e ao mesmo tempo impactante.

E o Unobvious LAB é a montra de tudo isto. É o início, o meio e o fim das nossas deslocações urbanas. Queremos dar palco à Agenda 2030 da ONU e este é um espaço onde fazemos debates, onde fazemos workshops, seminários, onde fazemos projecções de vídeos e webinars relacionados com essa Agenda e muito mais. É uma casa de empreendedores e criadores.

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Eu considero que o ideal para qualquer artista é ter uma veia muito grossa de empreendedor e considero que, para um empreendedor, é fundamental ter uma grande dose de criatividade. Como eu não sou artista, mas quero ser um empreendedor cada vez melhor, sinto a necessidade de ser contagiado, de ser influenciado positivamente por mentes criativas. Portanto, montei uma casa onde pudesse começar aqui a “cozinhar” esse desígnio.

É uma casa onde eu quero que as pessoas venham com diferentes objectivos. O nosso slogan é “fuck the cliché”, ser o mais anti-cliché possível, ser o mais surpreendente (não ser óbvio).

O Unobvious LAB é um espaço amplo que combina o coworking com um hub de criação artística e de exposição. Nós temos, neste momento, sete ou oito artistas aqui expostos, portugueses e estrangeiros. Eu quero que isto seja um espaço para todos aqueles que desprezam o cliché e querem ter a sua independência e a sua liberdade para pensar, para agir, para viver. Acima de tudo, quero que saibam que esta é a casa deles e que podem vir para aqui para trabalhar, para contemplar, para beber um copo com amigos, para convívio. As pessoas podem vir aqui também para debater temas, podem vir aqui aprender, mas também ensinar. Este é um projecto muito egoísta nesse sentido, porque eu preciso de aprender e de ser um melhor empresário, quero ser contagiado e quero trazer para dentro de casa esse tipo de mentes. Por outro lado, quero aprender mais e rodear-me de mais pessoas que tenham essa Agenda 2030 bem presente nas suas vidas, daí eu dizer que este é um projecto egoísta. Eu quero, em primeiro lugar, trazer para a minha volta pessoas que me possam tornar muito mais eficiente, tanto a nível empresarial, como a nível pessoal. Quero trocar as minhas experiências com outros e, de alguma forma, criar uma comunidade de pessoas que gostam de mandar o cliché passear.

5. Do ponto de vista tecnológico, quais são os principais desafios na mobilidade urbana?

Para nós, em particular, tem sido um desafio pôr a tecnologia ao serviço das nossas ideias. Ou seja, quando defini os requisitos para a nossa tecnologia, sempre pensei em flexibilidade comercial. E é muito complicado, para um serviço que tem uma base tecnológica, fazer com que essa tecnologia faça chegar ao mercado o que se pretende oferecer aos clientes. Aliás, sempre estive longe disso, porque a tecnologia sempre me travou. É difícil moldar a tecnologia às ambições de interacção com o cliente.

Outro desafio é o facto de a tecnologia me permitir analisar, de forma intuitiva e eficaz, tudo aquilo que é o meu projecto. Aquilo que eu achava que era muito simples antes de mergulhar nesta aventura, e como prestador do serviço, é muito mais complexo do que eu imaginava. A tecnologia deve ser muito fácil para o cliente final e é esse o objectivo de qualquer fornecedor de tecnologia. Mas é muito mais difícil do ponto de vista de quem oferece essa tecnologia pô-la ao serviço das suas ambições. Nós estamos a trabalhar nesse sentido. Estamos, neste momento, a mudar de parceiro tecnológico, nomeadamente tudo o que é o nosso frontend e o nosso backend (desde a parte do cliente à parte do sistema operativo). Mas ainda estamos a uns passos de termos toda a flexibilidade que queremos ter. É um desafio muito grande.

Nós queremos transformar a mobilidade numa experiência positiva.

6. Quais são os benefícios que advêm de uma mobilidade bem planeada?

Em primeiro lugar, é a previsibilidade. Eu gosto de saber quanto tempo é que vou demorar a chegar ao meu destino em qualquer deslocação que faço e não gosto de desperdiçar nem tempo, nem dinheiro nas deslocações. E a mobilidade urbana tem que estar ao serviço dessas ambições. Quanto menos tempo e dinheiro perdermos em deslocações, mais tranquilos e felizes vamos estar, porque vamos ter mais tempo para viver, para aproveitar a vida (seja em ambiente de trabalho, seja em ambiente familiar).

Portanto, a mobilidade é quase um “mal” necessário que as pessoas encontram no seu dia-a-dia, principalmente as que vivem em cidades. Nós queremos transformar a mobilidade numa experiência positiva. E a experiência torna-se positiva quando sabemos quanto vamos gastar em termos de tempo e dinheiro e quando podemos fazer essas deslocações em veículos que nos transmitem segurança e que se adequam ao estilo de vida que queremos ter.

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Queremos que as pessoas possam aproveitar a cidade ao andar de veículos de duas rodas e scooters em particular.

A scooter é quase um ícone de estilo de vida que nasceu nos anos 1960/1970, em Itália, com as vespas, e que depois se propagou pelo mundo. Mas a scooter de 50 cm3 transmite uma segurança acrescida. A scooter está limitada a 45 quilómetros por hora, sendo quase como andar de bicicleta do ponto de vista da velocidade máxima que atinge. E tem três vantagens na minha opinião: tem um capacete maior que as bicicletas, vamos com as pernas protegidas e temos um centro de gravidade mais baixo. Ao mesmo tempo, estamos em contacto com a cidade, estamos mais próximos das coisas. Apercebemo-nos de mais detalhes, nomeadamente com as nossas scooters silenciosas, o que não acontece quando vamos de carro.

7. Sendo a PARTTEAM & OEMKIOSKS uma empresa que desenvolve e fabrica quiosques multimédia, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais para todo o tipo de indústrias, de que forma é que, a seu ver, a tecnologia contribui para a mobilidade urbana?

A tecnologia contribui de forma inequívoca para a mobilidade urbana. Nós sempre fomos tecnológicos. Sem tecnologia não tínhamos conseguido oferecer um serviço de mobilidade partilhada.

A tecnologia pode ser a ferramenta que nos permite a nós, utilizadores, customizar toda a nossa experiência na cidade. Através de API’s e de conexões ao serviço que está a ser prestado, permite-nos planear, de manhã à noite, e de acordo com a nossa agenda, a forma mais inteligente e eficiente (e recorrendo à inteligência artificial) de mobilidade. Podemos seleccionar os melhores meios de mobilidade de acordo com as nossas necessidades ao longo do dia. E há uma tendência crescente, que espero que chegue rapidamente a Lisboa, que é “mobility as a service”, isto é, há uma integração dos meios de mobilidade urbana. Um bom serviço de mobilidade urbana recorre à tecnologia para haver uma integração dos vários serviços disponíveis.

A tecnologia ainda tem de evoluir muito. Para haver esta integração dos serviços tem de haver uma harmonização, uma conexão com todos os aspectos legais para todos os veículos que necessitem de carta de condução. Estamos a pequenos passos de ver isso acontecer. A tecnologia facilita, mas pode facilitar muito mais num futuro próximo. E espero que possamos ser promotores dessa forma de integração tecnológica.

Connecting Stories é um espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.

O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.

A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.

Sobre a PARTTEAM & OEMKIOSKS

Fundada em 2000, a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais, para todos os tipos de sectores e indústrias. Para saber mais acerca da nossa história, clique aqui.

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