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Rafael Lima - Chefe de Departamento na Leroy Merlin

Rafael Lima

Chefe de Departamento na Leroy Merlin

Com mais de 15 anos de experiência no sector do retalho, Rafael Lima é, actualmente, chefe de departamento das áreas de decoração, iluminação, ferragens e arrumação na Leroy Merlin, uma rede de lojas de materiais de construção, acabamento, decoração, jardinagem e bricolagem.

Anteriormente, exerceu funções de responsável de secção e de gestor comercial na Leroy Merlin; de gestor sénior de vendas e operações nas Lojas Riachuelo; de gestor regional de vendas na Cencosud S.A.; e de gestor de operações e, posteriormente, gestor regional de operações de vendas na C&A.

Licenciado em Administração de Empresas e mestre na mesma área, Rafael Lima é um dos convidados especiais na Connecting Stories da PARTTEAM & OEMKIOSKS.

1. Com um vasto currículo, pode falar-nos um pouco sobre a sua jornada e experiência profissional, bem como do cargo que ocupa actualmente?

Comecei a minha carreira no retalho de moda, logo após terminar a faculdade de administração na minha cidade natal, o Rio de Janeiro. Entrei como trainee na C&A e por lá fiquei durante quase nove anos. Fui gerente de loja e gerente regional, passando também pelo braço financeiro do grupo e assumindo posições no Sul (onde conheci a minha esposa), no Norte e no Nordeste do Brasil.

Depois, tive uma curta passagem na supermercadista chilena Cencosud, onde participei na startup da operação do cartão de crédito da empresa no país.

De volta à minha cidade natal, Rio de Janeiro, voltei ao retalho de moda na Riachuelo, a “Zara brasileira”. Dizemos isso porque, tal como o grupo espanhol, a Riachuelo também domina toda a cadeia de suprimentos, desde a fiação até à operação financeira que permite o parcelamento de compras, empréstimos e emissão de cartões de crédito. Lá fui gerente de duas grandes lojas que estavam entre as maiores do Brasil.

Quatro anos depois, eu e minha esposa decidimos voltar a morar no Sul do país por questões pessoais e foi quando surgiu a Leroy Merlin. Assumi o cargo de gestor comercial, sendo responsável por departamentos do mundo decorativo da loja situada na cidade de São Leopoldo. Nesse tempo, a violência brasileira, mais uma vez, voltou a assustar-nos e foi quando começámos a pensar na possibilidade de sair do país e duas coisas foram importantes.

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Primeiro, o facto de ser português naturalizado desde 2007, com família em Amarante e Viseu, e conhecer e gostar do país. Em segundo, o facto de a Leroy estar num processo acelerado de expansão aqui. Por isso, candidatei-me a algumas vagas e recebi a proposta para participar na inauguração da Leroy Merlin de Santarém. Viemos em Maio de 2019 e, 10 meses depois, recebi outra proposta para ser chefe de departamento no AKI de Castelo Branco, onde estamos desde Março de 2020.

2. O que o levou a trabalhar na Leroy Merlin?

No Brasil, como me mudei umas seis vezes de estados, estávamos sempre a ter de comprar coisas para as nossas novas casas. E foi assim que acabei por conhecer a Leroy, como cliente. Tanto eu como a minha esposa apaixonámo-nos pela loja. Como não nos apaixonarmos? Tudo o que precisávamos estava num único lugar! Ficámos fãs. Comecei então a ficar mais atento aos passos da empresa e cheguei até a participar em alguns processos de selecção quando estava na Riachuelo, que infelizmente, na época, não seguiram em frente.

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Em 2016, já estávamos a planear a mudança para o Sul do país e vi no LinkedIn a vaga de gestor comercial. Candidatei-me e comecei a trabalhar na empresa em Março de 2017.

Trabalhar no retalho é a rotina de não ter rotina.

3. Como é que é um dia de um chefe de departamento na Leroy Merlin?

É um dia de muita azáfama, como podem imaginar. Costumo dizer que trabalhar no retalho é a rotina de não ter rotina. Sou responsável por gerir a venda dos meus departamentos, o mix de produtos, as margens, a operação da loja, a satisfação dos clientes e, por fim, e o mais importante, a nossa equipa. Afinal, tudo se resume às pessoas.

4. Uma das premissas da PARTTEAM & OEMKIOSKS é “Quanto mais tecnologia tivermos nas nossas vidas, mais o factor humano fará a diferença”. De que forma é que a tecnologia tem vindo a impactar a sua área de trabalho?

Lembro-me de que quando entrei na C&A, a alocação das peças, isto é, quanto e o que iria para determinada loja, era um processo quase manual, suportado por alguns ficheiros de Excel. Rapidamente tudo foi mudando e hoje temos nos nossos telemóveis pequenos computadores de mãos capazes de muitas mais coisas que os computadores de 10 ou de há 15 anos. Hoje, com esta tecnologia móvel a nosso favor, operações básicas do dia-a-dia de loja, como consultar um preço de um produto que está sem etiqueta, etiquetar, gerir o stock e até concluir uma venda é um processo simples, rápido, que pode ser feito de qualquer lugar. A produtividade nas operações de loja deu um salto gigantesco.

Ao mesmo tempo que o retalho físico corre para ser digital, o digital corre para ser físico.

5. Construir melhores relações com as pessoas ao nosso redor pode ser um objectivo muito produtivo dentro das organizações, a fim de alavancar o potencial de uma equipa. Qual seria o seu melhor conselho para atingir este objectivo?

Estar aberto às inovações, ser humilde para aprender conhecimentos e formatos novos. Ser honesto e íntegro com as pessoas ao nosso redor e, acima de tudo, arriscarmo-nos a conhecer pessoas e culturas novas.Como é que as diferentes áreas em que actua têm evoluído nos últimos anos?

6. Como é que as diferentes áreas em que actua têm evoluído nos últimos anos?

Até há alguns anos, a loja física era dada como morta e hoje, mesmo com a pandemia, podemos perceber o quanto ela continua a ser importante. A loja física é experimentação, é um hub que integra comunidades com interesses afins, é segurança para quem ainda não está pronto para o mundo digital. Serve também de plataforma para entrega e recolha de produtos comprados pela Internet e tudo isso só é possível graças às evoluções tecnológicas que transformaram os canais digitais e físicos num só canal, a chamada loja “Phigital”.

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Assim, ao mesmo tempo que o retalho físico corre para ser digital, o digital corre para ser físico. Gigantes como a Amazon e o Alibabá têm investido cada vez mais nesta fusão.

Além disso, o marketplace abriu o mix de produtos de uma forma exponencial e, hoje, todos concorrem com todos. Quem diria que a Amazon, uma livraria online, viria a vender ferramentas, electrodomésticos ou mesmo alimentos?

Vejo o consumidor cada vez mais independente e mais informado.

7. Como têm evoluído as preferências dos consumidores ao longo do tempo?

Vejo o consumidor cada vez mais independente e mais informado, mesmo em questões de produtos mais técnicos. Afinal, hoje temos informação ao alcance de apenas alguns toques no visor dos nossos telemóveis.

A questão da sustentabilidade também já é bastante levada em consideração. No entanto, muitas vezes o preço desses produtos não permite vendas maiores. Por outro lado, vivemos numa era em que os extremos sobressaem cada vez mais e a realidade portuguesa, especificamente, é interessante, pois como temos uma população muito envelhecida e pouco disposta a adoptar novos modelos de consumo, acabo por sentir choques interessantes, como o consumidor que não se adapta ao self-service e muito menos às tecnologias para concluírem as suas compras.

O consumidor ainda não saiu do modelo de balcão/ mercearia de atendimento. Ele entra numa loja gigante ainda à espera de um atendimento no mesmo estilo do talho da esquina. Portugal, hoje, tem o retalho de 2021 e o de 1921 a conviver lado a lado. E acredito que, pelos próximos 15 anos, esta realidade vai permanecer, criando um grande abismo entre o consumidor jovem e o consumidor idoso.

Retalhos modernos não têm atraído e talvez, deliberadamente, de forma consistente, a população mais velha. Ao mesmo tempo, o jovem não sente atracção por comprar nas pequenas lojas de bairro que operam da mesma forma há já 50 anos. Mas é uma oportunidade para quem souber aproveitar estes nichos.

8. Que projectos tem em mente para o futuro?

Neste momento, estou focado na minha carreira na Leroy. Acredito que posso aproveitar as muitas oportunidades dentro da empresa e, como sempre fomos um pouco nómadas, não nos importamos de mudar de cidade em Portugal ou mesmo para outros países dentro da União Europeia se for necessário.

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Além disso, pretendo dar continuidade a alguns projectos paralelos, como a minha série de artigos publicados no meu perfil no LinkedIn – “Crónicas do retalho” –, onde comparo as realidades do retalho de Brasil e Portugal.

Por outro lado, num futuro mais distante, ter um negócio próprio é uma possibilidade. A grande colónia brasileira em Portugal e Espanha, a crescente influência da cultura brasileira nas novelas, nas músicas, no desporto e o próprio protagonismo crescente do Brasil na geopolítica mundial tem-me inspirado a criar algum projecto que aproveite isto mesmo. Mas ainda é algo muito abstracto. Nada que vá sair do papel nos próximos anos.

9. Sabendo que a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais para todos os tipos de sectores e indústrias, como é que, a seu ver, a interactividade pode ser um factor de diferenciação e de inovação nos dias que correm?

Acredito que, em todo mundo, e a pandemia acelerou isso, teremos a era da ultra-conveniência, do pragmatismo e do self-service total. Teremos cada vez mais lojas autónomas e vending machines. Serão cada vez mais sofisticadas e adaptadas para vários tipos de produtos, desde as tradicionais máquinas de venda de bebidas, hoje já encontradas em vários lugares, até supermercados autónomos.

A operação será quase invisível para o cliente e o contacto humano mínimo, mas ao mesmo tempo, a interactividade com a marca será grande, devido à integração cada vez maior da inteligência artificial, que terá o papel de ajudar, guiar e sugerir coisas novas ao cliente, baseadas nos seus gostos e escolhas anteriores.

Connecting Stories é um espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.

O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.

A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.

Sobre a PARTTEAM & OEMKIOSKS

Fundada em 2000, a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais, para todos os tipos de sectores e indústrias. Para saber mais acerca da nossa história, clique aqui.

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