João Mota
Gestor de MarketingJoão Mota, Gestor de Marketing, fundou recentemente o website www.bragasmartcity.pt, um projecto independente, que se iniciou com a sua tese de mestrado e que tem como principal objectivo contribuir para a evolução da cidade de Braga enquanto Smart City.
Anteriormente, foi Gestor de Marketing na HyperCode, em Braga, Assistente de Marketing na DST Group e Assistente de Vendas na Merrell.
Licenciado em Turismo e mestre em Gestão de Marketing, João Mota é um dos convidados especiais na Connecting Stories da PARTTEAM & OEMKIOSKS.
1. Pode falar-nos um pouco sobre a sua jornada e experiência profissional?
O meu percurso no Marketing iniciou-se no IPAM Porto, que creio ser uma das melhores escolas de Marketing do país. Não só pelo corpo docente qualificado e pela relação próxima com as empresas, mas sobretudo por aquilo que é o seu entendimento sobre o que é o Marketing e o papel que desempenha na sociedade.
Foi enquanto aluno do Mestrado em Gestão de Marketing que desenvolvi a capacidade de pensar as organizações de forma holística e estratégica. Para dar continuidade a esta formação e perceber como a teoria se aplica na prática, decidi fazer o meu estágio no grupo DST. Trata-se de um grupo ligado à área da engenharia de construção, que conseguiu transformar uma empresa que actua num sector cinzento numa organização que respira arte, cultura e inovação.
Depois desta experiência, iniciei funções como Gestor de Marketing, numa agência de Marketing. Foi aqui que tive contacto com as principais ferramentas de Marketing Digital, gestão de projectos e de relacionamento com os clientes. A combinação da minha formação académica, onde desenvolvi a minha visão estratégica e a minha experiência profissional e em que trabalhei uma vertente operacional do Marketing, sintetiza a minha proposta de valor que combina a capacidade de pensar com a de agir.
2. Como surgiu o interesse pela área do Marketing?
A área económica sempre me despertou bastante interesse, assim como a capacidade que algumas marcas tinham de se relacionarem connosco. Mais tarde, percebi que o Marketing surgiu precisamente desta relação entre a Economia e a Psicologia. Foi então que entendi ser um entusiasta de Marketing e decidi estudar de forma aprofundada esta área no IPAM Porto.
Carlos Coelho, presidente da Ivity Brand Corp, afirma que “uma marca é o sonho de um homem perpetuado na economia” e eu concordo em absoluto. Hoje, talvez por isso, aquilo que me move mais do que construir marcas, é a possibilidade de concretizar sonhos.
3. A seu ver, que importância tem o Marketing para uma empresa?
Criar uma marca é talvez um dos mais complexos exercícios da gestão moderna. A pressão do mercado, a manutenção da coerência, o envolvimento da organização e a visão global não são certamente fáceis de gerir, essencialmente numa sociedade em que o consumidor surge como um agente activo do mercado.
Acredito que os factores críticos de sucesso para a criação de uma marca estão na capacidade de estruturar com clareza, razão e ambição aquilo que se procura construir.
O Marketing assume, assim, um papel imprescindível na vida das empresas. Nenhum outro elemento é capaz de impactar tanto todo o ciclo de vida de um produto ou serviço. No que respeita às vendas, por exemplo, uma marca forte consegue estabelecer uma relação longa com o consumidor, influenciar o preço e o volume. Por outras palavras, o Marketing tem o poder de vender mais e mais caro, e se bem gerido, consegue fazer os dois em simultâneo.
Entendo que, quem assumir o Marketing de uma empresa deve ser capaz de construir marcas fortes, com propósito e foco no consumidor, estudar as suas aspirações e inovar na estratégia de produto e deve ser obstinado pela qualidade, segurança e veracidade da proposta de valor que apresenta ao mercado.
4. Fundou, recentemente, o website www.bragasmartcity.pt. Em que consiste este projecto? Quais são os principais objectivos?
O website Braga Smart City tem um propósito muito bem vincado: contribuir para a evolução da cidade de Braga enquanto Smart City.
É um projecto independente, com cariz informativo e totalmente transparente nos seus valores. Não assume nenhuma posição política e não tem qualquer tipo de publicidade, por isso, não gera qualquer retorno financeiro.
Enquanto estudava o tema das cidades inteligentes na minha tese de mestrado, percebi que o problema mais frequente que os governantes enfrentavam quando pretendiam implementar alguma medida inteligente na cidade era a falta de compreensão das comunidades sobre o que se estava a fazer e de que forma se estava a gastar dinheiro dos cidadãos.
A comunicação e a transparência assumem, então, um papel fundamental na transformação de uma cidade. Por isso, decidi criar o website www.bragasmartcity.pt. Aqui, as pessoas podem não só encontrar as iniciativas inteligentes já implementadas na cidade, mas podem também ler sobre o que é uma Smart City, quais as diferenças entre uma Smart City e uma cidade convencional, qual a importância das cidades inteligentes no mundo ou quais as principais características de uma Smart City.
Outro aspecto que considero importantíssimo é que todo este conteúdo está referenciado a autores reconhecidos, pelo que os leitores podem ter acesso às fontes que deram origem a determinada afirmação. Numa era de informação e desinformação, isto é fundamental.
5. Como tem sido o feedback das pessoas perante o seu projecto?
O feedback tem sido extremamente positivo. Recebi inúmeras mensagens a felicitar o projecto. E, da análise que tenho feito, os relatórios de tráfego indicam que os leitores passam um tempo considerável a navegar, o que atesta a sua qualidade e interesse para quem o visita.
É também curioso ver o site a ganhar reconhecimento e a chegar a pessoas sem que seja eu a referenciá-lo, sendo uma clara mensagem da sua qualidade. Isso deixa-me bastante orgulhoso do trabalho que desenvolvi.
6. O que o levou a explorar a temática das Smart Cities?
A descoberta desta temática surgiu durante o meu estágio de mestrado no grupo DST. Na altura, a empresa vinha a desenvolver uma nova marca, a Mosaic, dedicada às cidades inteligentes. Foi então que decidi estudar este tema e perceber de que forma é que a cidade de Braga também se podia transformar numa.
7. Quais são as principais características de uma Smart City?
Há diferentes visões sobre quais as principais características de uma Smart City. No entanto, na elaboração da minha tese de mestrado, optou-se por assumir que uma cidade era constituída por seis dimensões, por ser a visão que maior consenso reunia junto da comunidade científica, sendo essa visão que trouxe também para o projecto www.bragasmartcity.pt. Desta forma, temos a economia, responsável pelo empreendedorismo e o mercado de trabalho; a mobilidade, onde se inclui o sistema público de transportes e as acessibilidades; o ambiente, responsável pelas energias limpas e edifícios verdes; as pessoas, garantindo o acesso à educação e a uma sociedade inclusiva; a governação, onde se foca a consciência polícia e a transparência de gestão; e a dimensão vida, onde se abordam as condições de saúde e diversidade cultural.
8. Que desafios podemos encontrar no desenvolvimento de uma Smart City?
Creio que o maior desafio no desenvolvimento de uma cidade inteligente é a vontade política. O resto são soluções para problemas maiores que as cidades e o planeta enfrentam. Temos de nos distanciar daquela ideia de que uma Smart City apenas faz uso da tecnologia para resolver os seus problemas. Normalmente, depois desta afirmação, é comum ouvirmos também dizer que esta tecnologia é cara e, por isso, a cidade não tem capacidade para a implementar.
Os governantes devem procurar ter uma visão global sobre todas as dimensões de uma cidade moderna e perceber que tornar as cidades mais inteligentes não se trata apenas de uma tendência, mas uma necessidade que os governos terão de assumir para garantir a qualidade de vida da população, e que isto vai muito além do uso da tecnologia.
As cidades enfrentam uma pressão populacional sem precedentes, tráfego, ruído, poluição, escassez de água e muitos outros problemas. Não é possível provocar uma evolução quando os intervenientes continuam a recorrer a infraestruturas de análises antiquadas e a trabalhar com dados estagnados.
Dizer ainda que as cidades inteligentes podem ser fantásticas em países livres, mas podem não ser assim tão interessantes em países autoritários. O risco de verem a sua privacidade invadida obriga a uma maior exigência por parte da população sobre o governo. Preservar os direitos humanos, a privacidade, a liberdade de imprensa e de expressão é fundamental nas cidades inteligentes.
9. Em que medida é que podemos dizer que Braga é uma Smart City?
A cidade de Braga tem dado passos tímidos naquilo que devia ser a sua transformação. Das seis dimensões que constituem uma Smart City, a mobilidade é aquela que Braga precisa de rever com maior urgência. Isto é assumido não só por quem gere a cidade, como pela população. E, nesse sentido, pode-se assumir que Braga tem feito pouco para mudar este paradigma e, muitas vezes, as soluções que vão sendo anunciadas nos meios de comunicação locais transmitem uma ideia de querer resolver os problemas do futuro com soluções do passado. É inconcebível que não se democratizem as estradas. É preciso dar espaço a modos de transportes alternativos. E aqui refiro-me ao transporte público, à mobilidade de bicicleta, à utilização da mota e de meios de transporte partilhados.
Braga, ao seguir este caminho, não se tornaria pioneira na sua implementação, estaria, sim, a seguir aquilo que as principais cidades europeias já fazem, o que atenua o factor risco da equação. Acompanhar estas linhas orientadoras é fundamental para impulsionar uma nova mobilidade e para transformar o ambiente na cidade e impulsionar a economia.
10. Como podemos relacionar o Marketing e a temática das Smart Cities?
A American Marketing Association define Marketing, entre outras coisas, como uma actividade que cria, comunica e entrega valor à sociedade em geral. As Smart Cities têm o mesmo objectivo: criar novas formas de viver, comunicá-las de forma transparente e eficiente e entregar mais valor aos seus cidadãos. É neste ponto nuclear que o Marketing e as Smart Cities se relacionam e se combinam. Acredito que, para que as iniciativas de Smart City sejam bem-sucedidas, é preciso que exista também uma forte estratégia de marketing a suportar esta transformação.
11. Sendo a PARTTEAM & OEMKIOSKS uma empresa que tem a possibilidade de produzir mupis digitais, quiosques multimédia e outras soluções tecnológicas para cidades inteligentes, que relevância tem, na sua opinião, o digital para o desenvolvimento de Smart Cities?
Não há indústria que fique imune à transformação digital e a forma como as cidades comunicam com os seus cidadãos e turistas não é excepção. De facto, a PARTTEAM & OEMKIOSKS oferece uma solução muito interessante nesse sentido.
A digitalização é hoje uma questão de sobrevivência, essencialmente nas cidades em constante mutação. É necessário comunicar e interagir bem com os cidadãos através de soluções que permitam trocas de informações em tempo real e de forma ágil. Não é possível numa cidade moderna comunicar através de meios estagnados.
A experiência deve ser personalizada e dar resposta às diferentes necessidades de quem utiliza estas soluções tecnológicas. Com estas capacidades, é possível ter, num pequeno espaço, uma quantidade infindável de informação com uma experiência agradável de utilização. O futuro passará certamente por aqui e será maravilhoso.
Connecting Stories é um novo espaço editorial conduzido pela PARTTEAM & OEMKIOSKS que consiste na realização de entrevistas exclusivas, direccionadas a personalidades influentes, que actuam em diferentes sectores de actividade.
O projecto, idealizado pela PARTTEAM & OEMKIOSKS, contempla a publicação de histórias de sucesso, por meio de pequenas entrevistas a influenciadores que queiram compartilhar detalhes sobre os seus projectos, opiniões, planos para o futuro, entre outros assuntos.
A ideia é conectar histórias, partilhar conhecimento, desenvolver networking e gerar conteúdos que possam fornecer novas visões, oportunidades e ideias.
Fundada em 2000, a PARTTEAM & OEMKIOSKS é uma empresa portuguesa de TI mundialmente reconhecida, fabricante de quiosques multimédia de interior e exterior, equipamentos self-service, mupis digitais, mesas interactivas e outras soluções digitais, para todos os tipos de sectores e indústrias. Para saber mais acerca da nossa história, clique aqui.